Mestre em Engenharia Automotiva pela Poli/USP, motivado pelo desafio de melhorar a qualidade, reduzir custos e a complexidade de componentes do tanque de combustível de motocicletas, desenvolve produto que reduz em cerca de 40% o total de componentes empregados, diminui o risco de vazamento e gera economia do custo global e do processo de montagem. Um ganho e tanto para este meio de transporte largamente utilizado no Brasil. Pesquisa foi premiada em congresso automotivo.
Na última década, o mercado de duas rodas cresceu de forma bastante expressiva. No Brasil, não faltam bons argumentos para o motorista optar por esse meio de transporte: o preço é relativamente baixo se comparado com o de um automóvel; há uma economia significativa de combustível; o custo de manutenção é pequeno; facilita a circulação pelas vias urbanas, sobretudo nas grandes capitais; na zona rural as motos substituem, com freqüência, o transporte coletivo, além de eqüinos em uma série de atribuições.
No Sudeste Asiático, em países como a China e a Indonésia são comuns estações de trens que oferecem estacionamentos para motocicletas, devido à grande quantidade de usuários que as deixam pela manhã e as retiram no final do dia. Em Taiwan, os metrôs foram modificados para permitir o transporte de motos que, atualmente, viajam inseridas em fendas ou em minicabines na parte lateral do vagão.
Diante deste cenário, o engenheiro Nelson Shoji Nishimura, Supervisor de Engenharia da Visteon Sistemas Automotivos, estimulado pela disciplina Engenharia de Valor, ministrada no curso de Mestrado Profissional de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), criou como resultado de seu projeto de pesquisa o “MNIVC”, um produto que reúne as funções de sensor de nível de combustível e de válvula de combustível em um só produto. “Essa integração reduziu em média 40% no total de componentes do tanque de combustível, gerou uma diminuição do potencial risco de vazamento, aumentou o valor agregado, reduziu o custo global e do processo de montagem da motocicleta”, esclarece Nelson Shoji Nishimura. A pesquisa, apresentada na edição de 2007 do Congresso Internacional SAE Brasil, ocorrido em novembro, conquistou o prêmio de menção honrosa na categoria de Projetos.
Pesquisa de resultado
De acordo com o Mestre em Engenharia Automotiva, ao longo dos anos a evolução tecnológica tem sido bem mais marcante nos automóveis do que no mercado de duas rodas. “Durante toda a história da motocicleta muitos componentes continuam os mesmos em sua essência e função”, relata.
No caso do tanque de combustível, o engenheiro observou que o projeto do tanque de combustível tem sido o mesmo há vários anos, projetado para receber a montagem da tampa do bocal de enchimento, do medidor de nível e da válvula de reserva em locais distintos. Segundo Nishimura, tais características, de certa forma, propiciam maior risco de vazamentos pela parte inferior do tanque aonde são montados os dois últimos componentes citados. “Meu desafio foi integrar estes dois componentes, reduzindo a apenas uma abertura na parte inferior do tanque, de forma a diminuir a possibilidade de vazamento e, conseqüentemente, aumentar a segurança do condutor; também coloquei como meta a redução de custo, o que foi obtido devido à integração das peças e otimização do processo de montagem da motocicleta”, esclarece. Em virtude do novo posicionamento dos componentes, foram estudados os diversos comportamentos do fluido sob várias condições (dinâmica e estática) e planos (inclinados ou não) de modo a avaliar o funcionamento.
Quanto à aplicação do novo sistema, Nelson Shoji Nishimura explica que existem variações na disposição do tanque de combustíveis nas motocicletas. “No caso da scooter, o tanque fica sob o assento, já as outras motos têm o seu tanque localizado à frente do condutor”, explica o engenheiro, que desenvolveu o sistema para os modelos com o tanque frontal.
Diferenciais do produto
Após a realização de vários testes, o Mestre em Engenharia Automotiva verificou que o desenvolvimento do MNIVC permite em um único item do sistema de tanque de combustível, medir o nível de combustível, chavear posições ON-OFF-RES de combustível e, ainda, filtrar combustível. “A integração do medidor à válvula resultou numa redução de 38% a 44% no número de componentes em relação aos sistemas atuais de duas rodas das principais marcas do mercado”, avalia Nelson Shoji Nishimura, que destaca as vantagens no processo de manufatura: “A eliminação de alguns componentes do tanque traz benefícios para a manufatura da motocicleta. A redução de dois componentes para um MNIVC diminui o tempo do ciclo de montagem, que se traduz em redução no custo de operações de montagem da motocicleta”.
Na opinião do engenheiro, as vantagens ainda vão além. “No caso do MNIVC, as montadoras passariam a trabalhar com apenas um fornecedor, o que pode representar redução no custo de manutenção, facilitar visitas de acompanhamento de qualidade, colocação de pedidos entre outros aspectos envolvidos”.
Sobre o projeto
O MNIVC é o resultado do projeto de conclusão de curso de Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva da Poli/USP “Desenvolvimento de um novo conceito de produto: sensor de nível de combustível integrado à válvula de combustível para tanques de motocicletas”, realizado pelo mestre Nelson Shoji Nishimura, sob orientação do Professor Doutor Lucas Antonio Moscato.