Camila Souit: Determinação e inovação no setor automotivo

Camila Souit decidiu, desde cedo, direcionar sua carreira com determinação. “Camila não mediu esforços para completar sua graduação em Engenharia Mecânica e mestrado em Bioengenharia, ambos na Escola Politécnica da USP. Por onde passa, deixa sua marca de competência. Assim foi a participação dela no Programa PACE”, recorda o Coordenador do Centro de Engenharia Automotiva, prof. Dr. Marcelo Alves, que na época era o professor responsável pelo programa PACE na Poli-USP. Exemplo recente de determinação, na posição de especialista técnica da General Motors, em Detroit, nos Estados Unidos, Camila foi reconhecida, em Outubro de 2024, pela Vice-Presidente da GM, Michelle Gardner, e sua equipe, por “Redefinir Requisitos”. “Sou grata por esse reconhecimento, que surge após a atualização dos requisitos para viabilizar a comunicação entre os componentes, sem afetar a percepção dos clientes ao abrirem ou fecharem nossas portas. Essa mudança reduz a complexidade, mantém a qualidade dos nossos produtos e aumenta a rentabilidade”, comemora Camila.

Ao centro, vice-presidente Michelle Gardner, ao lado direito de Camila Souit, na reunião onde as premiações de reconhecimento aos funcionário foram concedidas, que ocorreu no Centro Tecnológico da GM em Warren, Michigan – EUA, Outubro de 2024.

Competência gerada em salas de aula, oficinas e parcerias com a indústria

Aos 19 anos, Camila se candidatou ao programa Partners for the Advancement of Collaborative Engineering Education (PACE), criado pela General Motors mundial, voltado para a educação em engenharia. A Poli-USP foi a primeira escola brasileira a ingressar no programa, em 2005, interagindo com instituições de ensino de países como Estados Unidos, Canadá, Índia, Coréia do Sul, entre outros.

“Fui uma das únicas alunas que permaneceram no projeto de um ano para o outro (2009 a 2010). O desafio proposto pelo PACE na época visava a conclusão do projeto em dois anos. Fui responsável pela seleção dos novos integrantes e transferência de conhecimentos entre as equipes para que pudéssemos concluir o trabalho e apresentá-lo no Congresso”, recorda Camila.

Ao centro, prof. Dr. Marcelo Alves, ao lado de Camila Souit, no Fórum do Pace, que ocorreu em Seul, na Coreia do Sul, em 2010. Do lado esquerdo, o também aluno da Poli-USP Ivo Profili e à direita, Laura McCausland, Gerente de Projeto do programa PACE.

Segundo ela, o objetivo daquele específico projeto não era promover uma competição entre universidades, mas sim desenvolver um projeto colaborativo entre as escolas de engenharia participantes. “A proposta era desenvolver um carro popular em conjunto com outras universidades do mundo, participantes do PACE, sendo que a equipe da Poli era responsável pela estrutura da carroceria e integração dos outros subsistemas à carroceria”. Entre os maiores desafios enfrentados pela equipe, Camila destaca o aprendizado e a aplicação de conceitos sobre projeto veicular, especialmente no que se refere às carrocerias. “A GM contribuiu com mentores e materiais didáticos, mas quase todo o desenvolvimento foi feito pelos próprios estudantes. Outro grande desafio foi integrar os outros componentes à carroceria, elaborados pelas outras instituições, o que exigiu comunicação constante com estudantes de outros países”.

Fisgada pela experiência internacional

Camila Souit recorda que quando a GM ofereceu mentorias e oportunidade para visitar o centro tecnológico e a fábrica em São Caetano, ela ficou fascinada com a empresa. “A experiência nesse projeto me preparou para atuar na realidade da indústria automotiva. Por ser um projeto global, tivemos que aprender como resolver conflitos com pessoas de culturas diferentes, trabalhar em inglês, além de termos sido treinados no uso do Software de CAD (Siemens NX), entre outras ferramentas”, conta. “Participar do Programa PACE ampliou minha visão sobre as possibilidades no mercado de trabalho e me ajudou a entender como seria atuar na área”, lembra a engenheira.

A então futura engenheira Camila Souit apresentando o projeto que levou dois anos para ser preparado, durante evento na Coreia do Sul.

Formada há mais de dez anos, Camila diz que continua a acreditar que a engenharia cria produtos que melhoram a vida das pessoas. “Porém, meu olhar se transformou com o tempo. Entendi que o engenheiro não consegue desenvolver tudo sozinho; ele depende da colaboração de outros engenheiros e profissionais de diversas áreas, como design, marketing, manufatura, entre outras. Ao sair da faculdade, é importante não se decepcionar nem desanimar por ser responsável por apenas uma parte do projeto. Cada engenheiro contribui para um pedaço do ‘todo’- e isso é válido para outras indústrias também, não só a automotiva.”

Camila Souit recomenda que os alunos de Engenharia participem dos projetos oferecidos pela Escola, como o Fórmula, Baja, e outros. “O projeto PACE me preparou para o mercado de trabalho me expondo a situações reais, antes mesmo de ter um registro em carteira”, concluiu a engenheira.