Desenvolvimento do sistema ABS em ritmo acelerado

Chefe da Engenheira da Bosch mostra ser possível reduzir significativamente o prazo de desenvolvimento dos freios ABS, em projeto elaborado para o curso de Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva da Poli/USP. Com a fabricação do sistema no Brasil, prevista para 2007, um número maior de veículos nacionais passará a utilizar o ABS.

O Chefe da Engenharia de Aplicação de Sistema ABS da Bosch, Geraldo José Gardinalli, mostrou ser possível reduzir o prazo de desenvolvimento do sistema de freios ABS (Anti-lock Braking System), por meio da simulação computacional. No projeto “Comparação do desempenho de frenagem simulado x experimental de um veículo de passeio com freios hidráulicos e ABS”, elaborado para o curso de Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), o engenheiro realizou testes de frenagem utilizando o aplicativo americano MATLAB & Simulink, (dedicado às áreas de desenvolvimento de projeto, simulação e análise de sistemas de comunicação digitais e analógicos), do Laboratório Computacional da Escola de Engenharia de São Carlos, também da USP , sob a orientação do Prof. Dr. Antonio Carlos Canale.

Após os primeiros testes realizados, o engenheiro concluiu que o modelo é uma ferramenta valiosa na certificação de sistemas de freios veiculares e pode ajudar, inclusive, no desenvolvimento da estratégia e lógica dos sistemas ABS, além de reduzir o tempo de desenvolvimento e a quantidade necessária de provas práticas. “As reduções do custo de desenvolvimento podem viabilizar a adoção em massa do sistema de freios com ABS nos veículos de baixo custo, que são parte majoritária da produção nacional”. O sistema de freios ABS é considerado um importante dispositivo de apoio à segurança veicular. Desde o seu lançamento num automóvel de série, em 1978, o ABS tem servido como alicerce tecnológico para sistemas suplementares capazes de contornar situações especiais de instabilidade veicular (seu uso original deu-se em aviões). “O ABS é um equipamento de segurança ativa e pode evitar que o motorista perca o controle numa frenagem”, acrescenta o engenheiro. Ele observa que os freios ABS são amplamente utilizados nos Estados Unidos, no Japão e na Europa. Nos países europeus, há uma espécie de acordo entre as montadoras e o sistema é usado em 100% dos veículos.

Embora o Brasil ocupe posição de destaque no desenvolvimento e exportação de veículos, a taxa de instalação de ABS no volume local de autos é muito baixa, atingindo, em média, 10% da frota. Entre as principais justificativas para a não adoção do ABS no país, o engenheiro destaca o desconhecimento dos benefícios trazidos pelo sistema e o custo de desenvolvimento associado a ele. Segundo o Mestre em Engenharia Automotiva, o sistema ABS, aliado a outros itens de segurança, poderá reduzir custos sociais gerados pelos acidentes de trânsito como, por exemplo, a recuperação de vítimas e a reconstrução de vias públicas.

A Bosch lançou o freio ABS para veículos feitos no País na década de 1980 e, a partir de 2007, será a primeira fabricante de freios ABS no Brasil. Nos últimos anos, a demanda por carros com o sistema ABS no Brasil e nos demais países do Mercosul aumentou e há grande expectativa de que o sistema seja incorporado em um número maior de veículos nacionais.

Reciclagem profissional

Para Geraldo Gardinalli, o curso de Mestrado Profissional em Engenheira Automotiva da Poli/USP lhe proporcionou bagagem teórica, revisão, aprofundamento de conceitos e aprendizagem de modernas técnicas de gestão. “O curso proporciona um networking fantástico, pois todo o ambiente automotivo está reunido lá, os professores são conectados com as montadoras e a indústria de autopeças. A elaboração da dissertação ajuda o aluno a resolver um problema ou um desafio real da empresa na qual trabalha”, afirma o profissional que enfrentou uma verdadeira maratona para ampliar conhecimentos, já que cursava o mestrado em São Paulo (capital), trabalhava em Campinas e morava em Limeira.