A taxa de instalação de ar condicionado em veículos nacionais deverá chegar a 60% em 2007. O uso crescente do sistema faz com que as fábricas invistam mais, os proprietários conscientizem-se quanto à utilização e manutenção corretas, e a engenharia vislumbre cenários e oportunidades de melhoria.
Nos últimos anos, o uso do ar condicionado em veículos deixou de ser uma questão de luxo, transformando-se num importante item de segurança, conforto e valorização na revenda do veículo. Segundo dados da revista About Automotive, a taxa de instalação de ar condicionado em veículos brasileiros deverá chegar a 60% em 2007. Apesar de o sistema de refrigeração ser um dos opcionais mais caros (representa entre R$3 a R$3,5 mil a mais no valor total do veículo), o seu potencial de crescimento nos países da América do Sul é grande, segundo o engenheiro Eduardo Oliveira dos Santos, que desenvolveu o projeto Dimensionamento e Avaliação do Ciclo de Refrigeração de Sistema de Climatização Automotivo para a conclusão do curso de Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI/USP).
Em países como o Japão e os Estados Unidos, o uso do ar condicionado atinge 90% dos veículos. Em algumas regiões existem regulamentações específicas para a homologação do sistema de ar condicionado, tendo em vista que o seu uso está diretamente relacionado a questões de segurança veicular, como o desembaçamento e descongelamento dos vidros, o nível de atenção dos motoristas, o stress térmico e a qualidade do ar no interior do veículo. “Um profissional que dirige um caminhão, por exemplo, está mais propenso à fadiga quando não tem uma condição ideal de conforto térmico”, apresenta o engenheiro.
O projeto
O sistema de climatização em automóveis tem características diferentes de sistemas para outros ambientes. Em um veículo, o ar condicionado administra importantes variações, como a carga solar que é imposta, a velocidade do veículo, a umidade do ar, as temperaturas interna e externa, a variação do número e da posição dos ocupantes no interior do veículo, diferentes regimes de rotação e carga do motor, etc. O sistema deve, portanto, ser projetado para funcionar sob todos esses condicionantes e propiciar conforto térmico com o menor consumo de energia. De olho no mercado a ser conquistado, e dos desafios tecnológicos para se obter o melhor custo/benefício, o engenheiro Eduardo Santos, que trabalha na Visteon, multinacional do setor de autopeças, escolheu se aprofundar no tema Ar Condicionaldo para o seu projeto de Mestrado. “Elaborei o projeto e realizei a simulação matemática de um ciclo de refrigeração que atendesse aos requerimentos de carga térmica para um automóvel compacto. Os resultados dos cálculos teóricos foram comparados com o dimensionamento do veículo real, obtendo-se resultados interessantes. O modelo de simulação criado pode ser utilizado para prever o resultado de modificações no ciclo de refrigeração, como a troca de componentes, ou mesmo para prever o funcionamento do sistema sob outras condições de operação. É uma ferramenta importante para melhorar o desenvolvimento de novos produtos“, confere o autor.
Dicas do Especialista:
- O proprietário de um veículo com ar condicionado deve tomar algumas precauções para preservar o sistema como, por exemplo, acioná-lo pelo menos uma vez por semana, inclusive no inverno.
- O motorista deve procurar desligar o ar condicionado um pouco antes de concluir o trajeto, para que o sistema de ventilação tenha a chance de remover a água condensada no evaporador, o que ajuda a evitar a proliferação de bactérias e o aparecimento de odores desagradáveis.
- O filtro de ar do sistema merece atenção especial, já que é o componente responsável pela higiene do ar condicionado. É fundamental substituí-lo no período recomendado pelo fabricante, geralmente após um ano de utilização dependendo das condições de uso.
Com relação à saúde, o engenheiro desmistifica a idéia de que o sistema de refrigeração traga algum risco ao condutor e aos passageiros do veículo. “Há muitos proprietários de carros com ar condicionado que não acionam o sistema porque acreditam que traga riscos à saúde. Pelo contrário, o condicionamento adequado do ar torna o ambiente mais saudável”. Para Eduardo Oliveira dos Santos, o primeiro passo para a boa utilização do ar condicionado é ler atentamente o manual do fabricante e seguir as recomendações. “Como o crescimento das vendas do sistema é recente, ainda existem poucos profissionais atuantes nesta área no País. Quando necessário, os proprietários devem procurar oficinas especializadas e gabaritadas, pois um reparo feito de forma incorreta pode causar prejuízos”, alerta.