Professor da Poli-USP e engenheiro da Volkswagen do Brasil conecta os desafios do setor automotivo ao ensino de Engenharia Mecânica
A experiência na indústria torna o ensino de engenharia mais conectado à realidade do mercado. Esse tem sido um dos propósitos que o prof. Leandro Macedo – que ministra as disciplinas Estruturas Mecânicas de Veículos e Mecânica A (disciplina que trata da Mecânica Racional – Cinemática e Dinâmica) – vem aplicando nas aulas de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP, há mais de 36 anos.
Supervisor de Engenharia na Volkswagen do Brasil, empresa na qual atua desde 1998, Leandro Macedo participou e liderou o time que implantou as simulações virtuais no País; chefiou a supervisão de Estrutura de Carroceria e atualmente é responsável pelos componentes do Sistema de Retenção dos veículos. “O curso de Engenharia Mecânica na Poli-USP é bem exigente, com muitos cálculos, álgebra, física, resistência dos materiais, o que faz com que os alunos saiam muito bem preparados. Mas conhecer a aplicação dos projetos de engenharia no mundo real é quesito essencial. A minha experiência na indústria facilita esta conexão”, diz Leandro Macedo.
Na formação de engenheiros, teoria e prática precisam andar lado a lado — e uma das formas mais eficazes de garantir isso é trazer para a sala de aula profissionais com sólida vivência na indústria. Com trajetórias que envolvem projetos reais, prazos apertados e decisões de alto impacto, esses docentes proporcionam uma experiência de ensino que antecipa as exigências do mercado e transforma o aprendizado em algo mais concreto, relevante e motivador. Em termos de diversidade na área de engenharia, o prof. Leandro Macedo atuou também no Centro Tecnológico da Marinha na área de análises de desempenho estrutural e termo-hidráulico do núcleo de reatores nucleares. “As possibilidades de atuação como engenheiro são as mais diversas”, comenta.
A revolução das simulações virtuais contada por quem viveu e vive os dois momentos
“Na área de segurança veicular, no passado recente, os testes de impacto (crash tests) consistiam em simular acidentes utilizando estruturas reais, de alto custo, e a cada etapa aperfeiçoar o modelo e reiniciar os testes. Muitas vezes uma peça precisava voltar ao início do projeto e ser novamente manufaturada, o que atrasava o cronograma em semanas, aumentava custos de desenvolvimento e limitava o nível de desempenho que era possível de se alcançar”.
Já atuando na Volkswagem do Brasil, nos anos 1990, Leandro Macedo foi convidado, junto a um pequeno grupo de colegas, a ir à matriz da empresa, na Alemanha, e aprender todo o possível sobre simulações virtuais aplicadas ao desenvolvimento de veículos de passeio e trazer esta tecnologia ao Brasil. Eles se capacitaram nas análises, simulações e softwares aplicados, contribuindo para que o país desse um salto tecnológico na área.
Atualmente, com a aplicação das ferramentas de simulação numéricas os testes são realizados de forma virtual, eliminando etapas e retrabalhos em protótipos físicos, acelerando os ciclos de desenvolvimento e resultando em produtos com níveis de desempenho excelentes e com custo otimizado. O que antes levava semanas, hoje acontece em horas”, exemplifica o professor Leandro.
“Na medida em que se consegue diminuir o empirismo e aumentar o raciocínio por meio de simulações da realidade, todos ganham — indústria, cliente, meio ambiente, etc.”
Prof. Dr. Ronaldo Salvagni, orientador do projeto de Mestrado em Engenharia Mecânica do prof. Leandro Macedo.
Confiança, autonomia e pensamento crítico
A interação com profissionais da indústria — seja por meio de aulas, mentorias, projetos colaborativos — amplia o engajamento dos alunos. Eles percebem a utilidade prática do conteúdo, sentem-se desafiados e valorizam a troca com quem conhece o chão de fábrica, o laboratório, o campo de testes. “Discutimos planejamento, prazos, restrições e viabilidade econômica, desempenho das estruturas mecânicas, fornecimento de peças, adaptação ao mercado brasileiro, e muito mais. A juventude atual tem um grande potencial, mas existe um hiato a ser preenchido em termos da realidade dos projetos de engenharia. Assim busco mostrar como a atividade científica se encaixa no mundo real das empresas”, afirma o prof. Leandro Macedo.
Ao incorporar a visão e os desafios reais do setor produtivo no ambiente acadêmico, a Escola Politécnica não apenas enriquece a formação dos futuros engenheiros, mas também os prepara com mais eficácia para uma transição bem-sucedida para o mundo do trabalho. “Os alunos se envolvem mais quando enxergam como o que aprendem será aplicado em suas carreiras. Isso dá mais sentido à educação e torna o aprendizado mais relevante”, acrescenta Leandro.
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Sobre o curso de Engª Mecânica da Poli-USP
Além de toda a base prática e teórica, o curso de Engenharia Mecânica promove atividades extracurriculares, a fim de capacitar os alunos a participar de eventos de competição, como Mini Baja, Fórmula, Milhagem e Aerodesign. Os alunos da Engenharia Mecânica têm se destacado nos programas de intercâmbio internacional de alunos de graduação. No último ano do curso os estudantes podem escolher por um grupo de optativas de especialização, dentre elas a de engenharia automotiva. Informações site www.poli.usp.br
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Sobre prof. Leandro Macedo
Possui Mestrado em Engenharia Mecânica pela Poli-USP (1991). É Supervisor de Engenharia na Volkswagen do Brasil e Professor-Assistente no Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP. Foi Chefe da Seção de Análise de Desempenho do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo e atuou em análises de desempenho estrutural e termo-hidráulico do núcleo de reatores nucleares. Sua atuação concentra-se nas áreas de engenharia automotiva, desenvolvimento de veículos por simulações virtuais – CAE, cálculo estrutural, desenvolvimento de carroceria e chassi de veículos de passeio, método dos elementos finitos, dinâmica veicular, plasticidade, segurança veicular e desenvolvimento de componentes do sistema de retenção de ocupantes de veículos.