Projetos de Mestrado em Engenharia Automotiva da POLI/USP ganham repercussão mundial

Engenheiros brasileiros são reconhecidos no exterior por suas soluções criativas e econômicas para o competitivo mercado automotivo

O projeto “Estudo de emissão de respingos e particulado em componente de proteção utilizado em equipamento de aplicação de solda a laser em processos de solda de carroceria automotiva”, desenvolvido pelo engenheiro de manutenção da Volkswagen, Adriano Ribolla, foi apresentado na conferência AMME 2006 – Achievements in Mechanical Manufacturing and Materials Engineering, em Gliwice – Polônia, aceito e publicado em periódico técnico-científico internacional.

No trabalho, o engenheiro propôs soluções para otimizar o componente conhecido como janela de proteção, que faz parte de um sistema de soldagem a laser, empregado em carrocerias automotivas. Sua finalidade é proteger a lente focalizadora – componente de custo elevado e que compõe o cabeçote de soldagem a laser –, contra respingos de solda, vapores metálicos e fumaça. O mestre acrescenta que o projeto permite determinar a melhor relação de troca dos componentes, atento em otimizar sua utilização, uma vez que as substituições acarretam altos custos ao processo. “Com a apresentação do trabalho em uma conferência internacional e a publicação do artigo numa revista técnico-científica internacional, conseguimos provar que as soluções para a indústria automotiva não surgem apenas nos países de primeiro mundo. O principal diferencial do engenheiro brasileiro é a sua capacidade criativa”, comenta Adriano Ribolla. Na opinião dele, o curso de Mestrado Profissional modificou a sua forma de enxergar a indústria automobilística, ajudando a ver a empresa em que atua sob outra perspectiva: “Com o Mestrado, passei a enxergar a indústria como um todo, conheci pessoas que atuam em diversas áreas e fui estimulado a fazer trabalhos em grupo. O curso, com certeza, abriu novos horizontes”.

O engenheiro de Processo, da Volkswagen, Marcelo Ramos de Albuquerque Barros, que elaborou o projeto “Estudo da automação de células de manufatura para montagens e soldagem industrial de carrocerias automotivas”, também teve divulgação internacional, por sua participação no congresso International PACE Forum Digital Manufacturing, promovido pela Universidade Técnica de Darmstadt, na Alemanha. O projeto propõs uma solução de arquitetura de automação padronizada para controle de células de montagem de carrocerias automotivas, de baixo custo e de alta performance. A busca por essa arquitetura de controle foi motivada pela implantação de uma nova família de veículos. Ele atribui o sucesso dos engenheiros brasileiros no exterior ao diferencial de seu perfil profissional onde se destaca principalmente a criatividade. “O engenheiro automotivo brasileiro não se detém à sua especialidade, ele procura experiência com outras áreas do projeto automotivo, assim com estar sempre em contato com novas tecnologias”, avalia Marcelo Ramos de Albuquerque Barros, para quem a experiência de apresentar um projeto brasileiro em um centro tecnológico com um histórico forte na área automobilística foi desafiadora”.

Para ele, o curso de Mestrado Profissional trouxe um importante diferencial para a sua carreira, porque possibilita ao profissional conhecer detalhes de um projeto e estimula a troca de idéias com profissionais que trabalham em outras áreas da indústria automobilística. “Atuando numa montadora, temos contato com todas as áreas, mas nem sempre podemos acompanhar e conhecer a fundo a rotina dos demais profissionais. O curso de Mestrado nos dá uma visão geral e permite que os profissionais conheçam todos os detalhes de um projeto. Eu já havia cursado pós-graduação e optei pelo mestrado da Poli/USP porque buscava um curso voltado para a minha área, mas que não fosse puramente acadêmico”.

Orientação personalizada

O papel do orientador é fundamental no desenvolvimento dos projetos do curso de Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva da Poli/USP. O professor Gilmar Ferreira Batalha, que orientou os dois trabalhos, estimulou os profissionais na busca de soluções técnicas para problemas que eles vivenciavam no dia-a-dia. Ele também reconheceu a oportunidade de divulgação da engenharia brasileira fora do país, incentivando a participação dos profissionais em congressos e publicações internacionais. “O curso de Mestrado Profissional é diferente de um mestrado acadêmico. Nele, o objetivo é aprimorar, aperfeiçoar e complementar o conhecimento do profissional. O aluno aprende a desenvolver uma metodologia para resolver um problema prático, que sem a bagagem do mestrado, provavelmente, continuaria ‘apagando incêndios’, sem encontrar a solução definitiva. Nós trabalhamos juntos para entender e resolver o problema. Dessa forma, o profissional ganha ferramentas para uma discussão mais profunda e como professor também ganho, pois tenho a oportunidade de trabalhar com desafios práticos”, finaliza Gilmar Batalha.