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Programa de capacitação para motoristas gera economia e reduz o número de acidentes – Centro de Engenharia Automotiva da POLI-USP

Programa de capacitação para motoristas gera economia e reduz o número de acidentes

Mestre pela Poli/USP desenvolve treinamento para motoristas de veículos comerciais com base no uso de tecnologia embarcada. No período de um ano, a economia no consumo de combustível pode chegar a R$ 420 mil, além de reduzir o número de acidentes e de manutenções corretivas. Este projeto foi premiado em congresso do setor automotivo.

O cenário brasileiro do setor de transporte de cargas acumula um saldo negativo. Segundo estimativas do Instituto Coppead de Administração, da UFRJ, para se proteger da ineficiência do transporte, as empresas brasileiras, ao longo das cadeias produtivas, mantêm R$ 118 bilhões de excesso de produtos em estoques. Graves problemas afetam não só o desempenho das transportadoras, mas também a qualidade dos serviços oferecidos. Vale lembrar que o mercado conta com diversos tipos de profissionais atuando no setor, desde autônomos despreparados para o exercício da profissão até grandes companhias com elevado grau de profissionalização. De acordo com Nelson Kayano, mestre em engenharia automotiva pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) e sócio da Netz Engenharia (empresa prestadora de serviços na área de mobilidade), o setor carece de melhores procedimentos de planejamento, racionalização e otimização de processos, gestão e controle de custos operacionais.

O nível de educação formal dos motoristas também é baixo e o setor não tem tradição em programas de capacitação. “As inovações tecnológicas aumentam a distância entre a capacitação necessária para a condução dos veículos e a capacitação atual dos motoristas. Estes profissionais, não raro, têm como única fonte de conhecimento as ‘dicas’ transmitidas pelos colegas de trabalho mais antigos, cuja experiência, apesar de vasta, normalmente é conflitante com os dispositivos disponíveis nos veículos modernos. Mais grave ainda são os antigos conceitos, originários da falta de um conhecimento técnico mais profundo, que geram equívocos na operação e retardam a divulgação e o uso mais freqüente de recursos tecnológicos”, avalia o engenheiro.

A tecnologia embarcada dando aula

Para solucionar os problemas enfrentados pelo setor, o mestre em engenharia automotiva desenvolveu o projeto “O uso de tecnologia embarcada como ferramenta de capacitação profissional de motoristas de veículos comerciais”, sob a orientação do prof. Dr. Nicolau Gualda. O projeto foi premiado no congresso SAE Brasil (evento promovido pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) como o melhor trabalho no tema em 2006. A nova metodologia, denominada Gestão de Performance de Frotas, permite a formatação de programas de capacitação permanentes para as diferentes necessidades das empresas transportadoras, com características que aceleram a obtenção de resultados voltados à redução de custos e à evolução dos profissionais . “Nossa idéia é promover melhorias na qualidade dos transportes. O treinamento é diferenciado porque traz um intenso acompanhamento prático”, esclarece o engenheiro, para quem é fundamental a participação conjunta de funcionários e direção da empresa. “A participação da diretoria da empresa legitima metas e resultados, além de validar mudanças comportamentais e formas de trabalho vigentes”.

O programa é baseado no monitoramento eletrônico de veículos e de análises técnicas da operação da frota, visando otimizar o seu nível de desempenho por meio do desenvolvimento profissional dos operadores. Com a utilização de ferramentas de controle específicas, o gestor do programa pode efetuar avaliações quantitativas periódicas da evolução junto ao cliente.

Resultados obtidos

A metodologia Gestão de Performance de Frotas encontra-se atualmente implementada junto a 23 frotistas, entre Empresas Transportadoras de Carga (ETC) e Empresas Transportadoras de Carga Própria (TCP), já totalizando mais de mil motoristas capacitados. Uma das empresas participantes, localizada no interior de São Paulo e com filiais estabelecidas em diversos estados do Sudeste e do Nordeste do País, iniciou o projeto em agosto de 2004, com monitoramento da operação de dois veículos, na fase de projeto-piloto. A partir da avaliação dos dados levantados nessa etapa, observou-se um significativo potencial de redução de custos, por meio da adoção de medidas voltadas, principalmente, ao controle da faixa de operação do motor e das velocidades de cruzeiro. De abril de 2005 a fevereiro de 2006 procedeu-se à fase de expansão do projeto, período no qual a frota monitorada foi ampliada para 38 veículos. E a partir de março, a totalidade da frota passou a ser controlada.

Neste caso, a economia de combustível projetada (calculada com base nas diferenças de autonomia antes e após a implementação do projeto), pode chegar a R$ 420 mil no período de um ano. Além disso, outros itens também trazem considerável economia para a empresa, tais como: redução dos custos com pneus e itens de desgaste; menor incidência de acidentes e manutenções corretivas, o que gera aumento da disponibilidade da frota; envolvimento da empresa como um todo em um processo de melhoria contínua de qualidade.


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