Mobilidade e reparação automotiva

Mais uma pesquisa divulgada recentemente confirma que o brasileiro segue a tendência mundial de valorizar novos serviços de mobilidade, em detrimento do carro próprio. Desta vez, os dados são do Global Automotive Consumer Study realizado pela consultoria Deloitte: Mais da metade (55%) dos usuários do Uber, 99 e outros serviços de transporte individual não vêem necessidade de ter seu próprio carro – entre os mais jovens, o índice sobe para 62%. O estudo foi realizado mundialmente, incluindo o Brasil, para analisar o comportamento do consumidor frente às novas tecnologias.

Esse cenário ampliará certamente o foco das montadoras – algumas já assumiram a transformação para empresa automotiva e de soluções de mobilidade. Em diferentes países, estão testando novos serviços de transporte pessoal, baseados, em sua maioria, no conceito de economia compartilhada. A General Motors trouxe, em 2016,  para testar no Brasil, o projeto Maven, que oferece frota de veículos da marca para compartilhamento; a Ford lançou o GoDrive, também de compartilhamento de veículos, para seus funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo (SP); entre outros exemplos.

A mudança de perfil do consumidor, que passará de proprietário para usuário do veículo, deve impactar também o segmento de reparação automotiva. “Essa questão é tão ou mais importante para os reparadores do que a inovação tecnológica dos veículos. Temos de considerar que o proprietário faz manutenção, porque o carro fica com a família por vários anos, mas quando se tornar usuário não terá essa preocupação”, diz o Prof. Dr. Marcelo Alves, do Centro de Engenharia Automotiva (CEA) da Poli-USP.

“Quais serão os impactos dessa mudança para o negócio de reparação?”, questiona o professor, incentivando que o segmento considere, em seus debates, que a redução de interesse dos jovens pela posse do veículo é uma tendência mundial e irreversível. “A propriedade deve ficar cada vez mais com o fabricante e uma hipótese é que a reparação do veículo passe a ser feita pela substituição de grandes módulos, o que implicará oficinas capacitadas técnica e financeiramente”.

Sobre a preocupação imediata do segmento de reparação, ou seja, acompanhar a inovação tecnológica dos veículos para garantir a qualidade dos serviços realizados na oficina, o professor Marcelo Alves não tem dúvida de que os profissionais necessitarão de formação especializada para fazer frente aos desafios tecnológicos. “A troca de informação com colegas também é importante. As redes sociais, o Youtube, facilitaram a interação entre os reparadores do mundo todo, que disseminam o conhecimento de como fazer o reparo de um componente novo, desmontar um veículo, etc.”.

A inovação tecnológica e como as oficinas devem se preparar para reparar os veículos foi tema de uma mesa-redonda com especialistas do segmento, que teve a participação do professor Marcelo Alves, durante a feira Automec 2017, em abril, em São Paulo (SP). Para assistir ao debate, acesse o link https://youtu.be/cmNqZSkumYU?list=PLIJC8DsvTa7fTDohI7xNzX7v9HziSXuoM


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