Ar condicionado ou janela aberta? Trio elétrico ou manivela ?

Consumidor mais exigente em relação ao conforto térmico do veículo motiva projeto de Mestrado realizado na POLI/USP

É notório que o custo e o desempenho do veículo não são mais os únicos fatores que influenciam a compra do consumidor de veículos. Os itens de conforto e segurança ganharam um espaço privilegiado na decisão do brasileiro. A partir dessa constatação, o engenheiro André Busse Gomes, da ABG Engenharia, procurou estudar a fundo a questão do conforto térmico, durante o curso de Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva da Escola Politécnica (Poli/USP). Tal interesse gerou o Trabalho de Conclusão Conforto Térmico em Veículos Automotivos.

De acordo com o mestre, as constantes altas de temperatura e o aumento do tempo de permanência no veículo (pelo tráfego intenso, trabalho ou lazer), estão levando o consumidor a optar por itens de conforto e de segurança no momento da compra. Segundo ele, os itens que até pouco tempo atrás eram considerados de luxo, hoje são vistos como diferenciais importantes no competitivo mercado automotivo que apresenta modelos cada vez mais parecidos em termos de construção e tecnologia.

Na opinião do engenheiro André, o ar-condicionado é, sem dúvida, o item mais procurado pelo consumidor, porque, além do conforto, também representa um valor maior de revenda. “Trava e vidro elétrico já se transformaram em itens de série. Depois que o consumidor se habitua ao conforto, não consegue mais viver sem. Com certeza, na próxima compra, ele não vai abrir mão daquele item. Alguém prefere a manivela ao vidro elétrico?”, indaga o pesquisador.

Para avaliar o conforto térmico dentro dos veículos, André Busse Gomes realizou ensaios utilizando manequins térmicos e sensores de temperatura de velocidade em três modelos de automóveis com características diferentes (popular, médio padrão e luxo), e de montadoras distintas. As condições dos veículos foram avaliadas durante o dia, com o objetivo de simular o verão (resfriamento) e no período da noite, para simular o inverno (aquecimento).

“Os veículos foram avaliados durante três dias e três noites, com condições climáticas idênticas. A pesquisa demonstrou que no Brasil é muito difícil obter conforto térmico completo durante o verão, até mesmo quando se está em um veículo de luxo. “A dificuldade de obtenção de conforto térmico local (em determinadas partes do corpo) nas condições de verão (resfriamento) se deve principalmente à radiação solar incidindo diretamente no veículo”, comenta. Já quando o veículo está sob a sombra é possível atingir facilmente uma condição de conforto”, complementa o engenheiro.

Apesar de o emprego de manequins térmicos não ser uma norma obrigatória para a indústria automotiva nacional, o pesquisador defende a idéia de que este é o único instrumento capaz de avaliar simultaneamente os efeitos da temperatura do ar local, trocas de calor por radiação do corpo, velocidades do ar e a radiação solar em um veículo.

Conforto térmico: importância vital

Quando se trata de segurança veicular, o conforto térmico é um aspecto relevante. “Motoristas sonolentos devido ao calor ou com sinais de hipotermia (temperatura do corpo abaixo de 35 graus) estão mais sujeitos a sofrerem ou causarem acidentes”, comenta o engenheiro, acrescentando que o desconforto causado pela alta ou baixa temperatura pode provocar a perda de memória, desorientação, tontura, incoerência, exaustão, fala embaralhada e tremor descontrolado, representando alto risco para o motorista, pedestres e demais condutores.


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